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quarta-feira, 17 de junho de 2020

O CANTAR DO GALO E A NEGAÇÃO DE PEDRO


A expressão “canto do galo” que é o assunto da reposta encontramos, com ligeiras variações, nos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João . A partir destes textos buscaremos o significado e a natureza de tal expressão “canto do galo”. Comecemos com os relatos dos
Evangelho de Mateus 26,34:
“Jesus declarou: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes! (Evangelho de Mateus 26,34) Bíblia de Jerusalém.
evangelho de Marcos 14,30
“Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes,  me negarás três vezes”(Evangelho de Marcos 14,30) Bíblia de Jerusalém.
Evangelho de Lucas 22,34
“Mas ele disse: Pedro eu te digo, (o) galo não cantará hoje sem que por três vezes tenhas negado conhecer-me.” (Evangelho de Lucas 22,34) Bíblia de Jerusalém.
Evangelho de João 13,38
“Jesus lhe responde: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará sem que me renegues três vezes.”(Evangelho de João 13,38) Bíblia de Jerusalém.

Considerações para a questão do Lugar – centro de Jerusalém.
É importante argumentar com respeito ao “lugar” onde Pedro se encontrava quando efetivamente negou a Jesus. Os textos bíblicos que falam do ocorrido e fornecem informações são: Mt 26,69-75; Mc 14,66-72; Lc 22,54-62 e Jo 18,5-18.
Onde estava Pedro no momento em que negou a Jesus três vezes? Jesus foi “levado” para a casa do sumo sacerdote (Mateus 26,57; Marcos 14,53; Lucas 22,54). O Tribuno Romano entregou Jesus às autoridades judaicas esperando a manhã seguinte para o julgamento. Jesus foi levado ao palácio do sumo sacerdote onde se encontravam os principais sacerdotes e anciãos de Israel reunidos. Esta informação é importante, pois a “a casa do Sumo Sacerdote estava no centro de Jerusalém. E certamente não haveria um galinheiro no centro da cidade”. (mesmo por que a cidade de Jerusalém não comportava animais de pequeno porte, pois era considerada, uma cidade sagrada. A partir deste fato vem a pergunta , será que verdadeiramente houve um “galo para cantar”.

Possivelmente a interpretação do “canto do galo” deva ser entendida metaforicamente
Depois de muitas leituras através de autores que escreveram considerações sobre o fato, é de se admitir que a melhor forma de entender fosse metaforicamente. As seguintes razões colaboram para isto.
Primeira consideração:
Os quatro Evangelhos empregam o verbo grego (fonéo), que, como “ressoar” (em vez de “cantar”) e, portanto, pode se referir aos sons emitidos por qualquer instrumento musical, como a trombeta romana, por exemplo, muito empregada pelas legiões romanas. Para disciplinar a vida militar. E na cidade de Jerusalém existia uma guarnição romana a serviço do procurador e de sua defesa,
Segunda consideração:
O Evangelho Marcos, o primeiro ser escrito é dirigido aos romanos (escrito em Roma) encontramos vários latinismos ao longo do texto, utilizando, inclusive, o termo grego composto (alektorofonías), significando o “canto do galo” (Mc 13,35 e encontramos correspondência no termo latino gallicinium (“canto do galo”), vocábulo este que era bem conhecido naquela época e que fazia alusão ao “toque da trombeta” durante a troca das guardas romanas que estavam presentes.
Terceira consideração:
Marcos sendo o primeiro evangelho escrito é tido como o único dos evangelistas a nos fornecer o importante detalhe de que a tripla negação de Pedro ocorreria antes de o galo ressoar “duas vezes”. Essa menção feita ao duplo ressoar do galo (“toque da trombeta”) parece estar aludindo aos dois “toques de trombeta” existentes após a meia-noite, os quais eram emitidos da fortaleza Antonia (atual início da Via Dolorosa, cidade velha de Jerusalém). Um primum gallicinium (“primeiro canto do galo”) entre às 0:00h e às 3:00h da madrugada e, depois dele, o secundum gallicinium (“segundo canto do galo”) que era tocado entre às 3:00h e às 6:00h da manhã, quando outro dia começava a despontar no horizonte. Este fato coincide com o texto bíblico de Marcos: “Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, me negarás três vezes”. (Mc 14,30).
Quarta consideração:
Em quarto lugar, lembramos novamente que os Evangelhos de Marcos (Mc 1,66), Lucas (Lc 22,54) e João (Jo 18,15-17) o fato da negação de Pedro a Jesus, ele estava na “casa do sumo sacerdote”, a qual ficava no centro de Jerusalém. É difícil imaginar que houvesse criação de galinhas em alguma casa do centro cidade. Aliás, iria mais longe e acrescentaria: “é difícil imaginar que houvesse um galo bem debaixo do nariz do sumo sacerdote!”.
Quinta consideração:
A ausência de galos em Jerusalém na época do Novo Testamento, parte do conceito da cidade de Jerusalém considerada sagrada, habitação de Deus, e que nos escritos da Mishna e no tratado de Baba Kama 7.7 prescreve orientações de pureza da cidade. A Mishná, em sua divisão Nezikin (“Danos”), e no tratado Baba Kama 7.7 nos transmite as seguintes orientações sobre o galo: “Eles não podem criar gado miúdo na Terra de Israel, mas eles podem criá-los na Síria ou nos desertos que existem na Terra de Israel. Eles não podem criar galos em Jerusalém por causa das Coisas Santas, nem os sacerdotes podem criá-los [em qualquer lugar] na Terra de Israel por Terra de Israel por causa de [as leis concernentes a] alimentos puros. Ninguém pode criar porco em qualquer lugar. Um homem não pode criar um cão a menos que seja mantido ligado por uma corrente. Eles não podem criar armadilhas para os pombos a menos que seja de trinta ris de um lugar habitado.
Espero que este artigo tenha sido edificante.

terça-feira, 3 de março de 2020


PENSAMENTOS:

 O primeiro passo da inteligência é discernir o importante do irrelevante, nos países desenvolvidos os próprios monumentos, arquitetura e outros já nos ensinam o que é fundamento e o que é superficial.
Nas livrarias existem as prateleiras onde os livros sempre são os mesmos e outras prateleiras onde ficam os lançamentos, os que estão gerando rotatividade. Na escola se aprende o que seus avós e pais aprenderam de gerações à gerações, e há outras matérias que talvez no outro ano ou geração nem estarão no currículo. Os cartazes de teatro são a mesma coisa, certas peças são reencenadas todos os anos enquanto outras não. 
Qual é a razão disso, mostrar o que é importante para uma civilização e o que não é. Essas coisas não são claras no nosso país, tentam fazer de modismos bandeiras eternas, se lutam pelo o que não entendem, e se negam a aprender com o exterior sob pretexto de orgulho latino e confinamento cultural debaixo de agitações confusas e superficiais. Banalizamos quase tudo. 

As vezes sou questionado ou criticado, mas ha coisas que faço porque são necessárias para uma evolução seja em nós ou em volta de nós. Uso o inglês por exemplo não para mostrar algo para alguém, mas sei que eu tenho que buscar coisas lá fora que as vezes não acho aqui. Se uma nação é mais experiente, madura e evoluída do que a nossa porque não aprender com eles? As vezes admiro pessoas não cristãs, e não tenho medo de defender meus pontos. Sei que o ambiente de fé é permeado pela luz da sabedoria e que temos coisas boas aqui, mas também é verdade que a igreja brasileira é muito nova, nós como nação somos novos e ainda temos que nos desprender de muitos males culturais, ignorâncias pessoais etc. E as vezes acho fora o que procuro e não encontro dentro do meio que mais convivo. Pra mim quando se trata de causas importantes temos que nos unir. Eu tenho uma missão eterna em busca do conhecimento e não posso parar, me desculpe os críticos religiosos e acomodados mas pela luta da qualidade de vida não existe A, B ou C. Todos precisamos da ajuda de Deus.

Todas as grandes nações primeiro se elevaram espiritualmente e culturalmente para depois provarem a grandeza política econômica. A #França era centro cultural da Europa muito antes de Luis XIV,  a #Alemanha irradiou reformas e foi centro intelectual do mundo, com #Hegel #kant #schelling isso antes de se construir como nação. A #inglaterra antes de terem o poder sobre os 7 mares foram reis do fornecimento de #santos e #eruditos para a #igreja e por fim os #EUA já tinha três séculos de religião devota e uma cultura literária filosófica antes da aventura industrial que os tornaram potência. O #Brasil precisa começar de novo, tirar a alienação política das raízes, os falsos intelectuais e o poder da mídia atraída ao material, e dar oportunidade aos verdadeiros sábios, santos, intelectuais que elevam a nossa cultura a ponto de ser exemplo para o mundo, aí sim teremos riquezas duradouras. O moral vem antes do material.

Ministro Fábio dos Santos.


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O SERVIR


O serviço cristão é uma das formas mais eficazes de testemunho da igreja. A atuação dos cristãos da igreja em Jerusalém para o serviço resultou na conversação de muitas pessoas (At. 2.47). No estudo desta semana veremos a respeito da relevância do serviço cristão. No início do estudo definiremos o significado bíblico-teológico de serviço. Em seguida, ressaltaremos o exemplo de Cristo a ser seguido na execução do serviço. Ao final, refletiremos sobre a prática do serviço cristão na igreja primitiva em Jerusalém.

1. SERVIÇO CRISTÃO, DEFINIÇÕES: No Antigo Testamento, o termo hebraico para serviço é abad, usando tanto no contexto religioso quando de trabalho. Um exemplo de serviço é a condição de servidão de Esaú em relação a Jacó (Gn. 25.23). Quando o termo serviço, em hebraico, está relacionado ao contexto religioso, tem o sentido de adoração. O verbo hebraico sarat também denota “ministrar, servir, oficializar”, comumente usado para se referir aos trabalhos realizados no palácio real (II Sm. 13.17; I Rs. 10.5) ou nos serviços públicos (I Cr. 27.1; 28.1; Et. 1.10) Sarat aponta para a condição de “ministro” ou “servo”, como Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11; Nm. 11.28) e aos anjos que servem a Deus (Sl. 104.4) O conceito bíblico de serviço, No Novo Testamento, vem do grego diakonia, do verbo diakoneo, e diz respeito, inicialmente, ao ato de servir às mesas (At. 6.1-6), serviço ministrado pelos diáconos (I Tm. 3.10,13). O ato de Jesus ter entregue a Si mesmo pelos outros é descrito como um ato de serviço (Mt. 20.28). O verbo douleuo, em grego, também se refere ao serviço do cristão, com uma singularidade, esse termo também é usado para “ser escravo”, ou de “alguém que se conduz em total serviço ao próximo”. Jesus destaca, em Mt. 6.24, que ninguém pode servir a dois senhores. Em Rm. 6.6, Tt. 3.3 e Gl. 4.8,9 Paulo explica que todos aqueles que se encontra fora da esfera da graça são servos do pecado. Mas quando passamos a servir a Cristo, passamos a servir uma ao outro em amor (Gl. 5.13). Em sentido amplo, o serviço cristão não está restrito àqueles que exercem o ministério de diáconos, pois desde os primórdios, os crentes serviam uns aos outros, conforme a necessidade de cada um (At. 4.32-37; II Co. 9.13) para a edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.12).

2. CRISTO, UM EXEMPLO DE SERVO: Jesus quis deixar aos seus discípulos o exemplo de serviço, e isso se fazia necessário porque, naqueles dias, assim como atualmente, são poucos os que querem servir, a maioria deseja mesmo é ser senhor (Mt. 20.20-27). Mesmo entre os discípulos havia a disputa a respeito de quem seria o maior no Reino de Deus. Em oposição a esse padrão, Jesus sempre se apresentou como um servo, que teria vindo ao mundo para servir, e não para ser servido (Mc. 10.45). Paulo reafirma essa doutrina ao declarar aos crentes de Filipos que Cristo, ao vir a terra, esvaziou-se da glória celeste, e assumiu a forma de servo (Fp. 2.5-8). No capítulo 13 de João, o Senhor revela a beleza do serviço cristão, e esse, na verdade, não se reverte, pelo menos na dimensão terrena, em ostentação, mas em sacrifício e humildade. Primeiramente, a motivação do relacionamento de Jesus com os discípulos era pautada no amor, Ele os amou até o fim (Jo. 13.1). O fundamento de todo e qualquer relacionamento deva ser o amor, aqueles que se assenhoreiam com base no poder jamais terão amigos de verdade. Aquela seria a celebração da última ceia antes de ser entregue às autoridades romanas para ser crucificado, o Diabo já havia se apossado do coração de Judas para trair o Senhor (Jo. 13.2). Mas Jesus sabia que tudo estava entregue nas mãos do Pai, e que Ele, em Sua soberania, controlaria todas as coisas (Jo. 13.3). Quando o cristão tem convicção do Senhorio de Deus, Ele não se adianta na busca por cargos, pois sabe que o Senhor tem as situações em Suas mãos. Com base nessa certeza, Jesus pegou a toalha e cingiu os lombos, numa atitude de alguém disposto a servir (Jo. 13.4). Em seguida, passou a lavar os pés de cada um dos seus discípulos, inclusive o de Judas, e a enxugá-los com a toalha (Jo. 13.5). Jesus mostrou condescendência até mesmo com aquele que haveria de trai-lo, do mesmo modo, o Senhor nos desafia a servir aqueles que nos fazem o mal. Pedro reconheceu que aquela era uma atitude humilhante, por isso, se opôs ao ato de Jesus (Jo. 13.6). Pedro não havia compreendido ainda a natureza do serviço cristão (Jo. 13.7). Há muitos hoje que não sabem ainda o que significa servir a Cristo e ao próximo. Não são poucos os que querem ser líderes na igreja, apenas para desfrutar das honrarias, que consideram ser inerentes aos cargos. Pedro se mostrou relutante em ter seus pés lavados por Jesus, reafirmou sua insatisfação diante daquela demonstração de serventia (Jo. 13.8). Lavar os pés das visitas era uma atitude comum naqueles tempos, mas geralmente desempenhada pelos mais simples serviçais da casa. Por essa razão Pedro pediu ao Senhor que não apenas lavasse os pés, mas as mãos e a cabeça (Jo. 13.9). Jesus destacou que eles estavam limpos, exceto Judas, mas que todos precisavam daquela lição (Jo. 13.10,11). Após aquele ato de demonstração de humildade e serviço Jesus interpretou, para os seus discípulos, seu significado. Jesus revelou ser, de fato, Mestre e Senhor, no entanto, ao invés de buscar honrarias, quis mostrar a sua disposição para o serviço (Jo. 13.12) e deixar a instrução para que seus discípulos fizessem o mesmo (Jo. 13.13,14). Portanto, aquele não era um ato apenas para ser admirado, mas para ser imitado na prática cotidiana (Jo. 13.15,17), considerando que, no Reino de Deus, maior é o que serve mais (Jo. 13.16).

3. UMA IGREJA QUE SERVE: A Igreja primitiva de Jerusalém aprendeu a lição do Mestre Jesus. Aquela não era uma Igreja perfeita, compreendemos que na medida em que essa começou a crescer, os problemas também apareceram (At. 6.1). O exemplo daqueles cristãos é digno de imitação, pois esses “perseveravam na doutrina dos apóstolos”, isto é, tinham disposição para o aprendizado, viviam “na comunhão”, no “partir do pão” e nas “orações” (At. 2.42). Os primeiros crentes temiam ao Senhor e “os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”. Essa atitude não se tratava de um comunismo moderno, mas de uma disposição voluntária para servir ao próximo, pois “vendiam sua propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At. 2.44). Não que essa fosse uma realidade em todas as igrejas do primeiro século. Alguns estudiosos admitem que a pobreza dos irmãos de Jerusalém tenha resultado dessa generosidade “precipitada”. Mas essa não é uma interpretação apropriada do texto, pois Lucas, o escritor de Atos, aborda positivamente tal conduta. Evidentemente não podemos estipular essa entrega total dos bens como doutrina, já que não encontramos respaldo no contexto geral da Escritura, nem mesmo no próprio livro de Atos (At. 5.3). Contudo, o princípio de partilhar com os necessitados não pode ser descartado, pois o encontramos em várias passagens da Bíblia, que nos orientam a esse respeito: II Co. 8.9-15; 9.6-15; I Jo. 3.16-18. A Igreja que é cristã se preocupa com os necessitados, não fecha os olhos aqueles que padecem privações. A pregação do evangelho sempre tem prioridade, mas o ser humano precisa ser percebido em sua integralidade, isto é, espírito, alma e corpo (I Ts. 5.23).

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Galilei e a Igreja Católico Romana



Muitas pessoas já argumentaram sobre as divergências entre a religião e a ciência. Mas é importante salientar que seria melhor usar o termo "teologia", pois, a verdadeira ciência não conflita com a teologia ou à verdadeira religião, que interpreta corretamente as sagradas escrituras.


Bíblia sagrada e verdadeira ciência andam juntas, pois a ciência serviria para comprovar o que a Bíblia já havia nos mostrado. 



E ainda que haja muitas controvérsias sobre questões como; Quem parou, a terra ou o sol?  E outras. Venho relembrar o fato histórico do cientista Galilei  e a igreja católica romana. O interessante é que houve um reconhecimento por parte da liderança católico romano de que Galilei foi julgado erroneamente.


Vinte anos atrás, no dia 31 de outubro de 1992, o papa João Paulo II reconheceu os enganos cometidos pelo tribunal eclesiástico que condenou Galileu Galilei à prisão. Essa revisão de posicionamento, portanto, ocorreu 350 anos após a morte do cientista italiano. Galileu não dependia dessa absolvição para receber o galardão dos maiores nomes da história, mas o ato simbólico buscou corrigir uma das mais históricas injustiças cometidas pela igreja. O motivo da discórdia? Galileu defendia a tese de Copérnico de que a Terra não ficava no centro do Universo, e sim orbitava o Sol. Com uma interpretação literal da Bíblia, a Igreja Católica não aceitava que essa teoria fosse tratada como verdade - apenas como hipótese. Assim, Galileu foi obrigado a negar suas ideias publicamente e viver confinado em uma espécie de prisão domiciliar.
Esse é apenas um dos casos em que a religião colidiu com a ciência ao longo da história. O mito de Galileu e, sobretudo, da perseguição da Inquisição sobre ele, é tão forte que há gente que pensa que o astrônomo-físico-matemático-filósofo foi queimado pelos católicos. Na verdade, esse desagradável fim coube a Giordano Bruno, filósofo e teólogo contemporâneo e conterrâneo de Galileu. "Ele propôs a existência de outros planetas e possivelmente outras civilizações no Cosmos. O que gerou, para a Igreja, o curioso problema de ter de haver muitos Cristos", explica Gerson Egas Severo, coordenador do curso de Especialização em História da Ciência da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFF).

Talvez por medo de que seu destino se tornasse o mesmo de Bruno, ou então por imaginar que, mais tarde, as ideias que defendia seriam aceitas sem ressalvas, Galileu aceitou a condenação de afirmar, publicamente, que estava equivocado. Para Severo, o cientista foi um personagem fundamental na Revolução Científica do século 17. "Como o estabelecimento da ciência moderna envolvia necessariamente o esforço de distinguir claramente a cosmovisão e metodologia da ciência das narrativas de ordem religiosa, a encrenca se formou", opina.
Além de suas próprias e revolucionárias descobertas no campo da física e da astronomia, Galileu defendia com unhas e dentes a visão heliocêntrica de Nicolau Copérnico, em contraposição ao geocentrismo defendido pela Igreja Católica, no qual a Terra seria o centro do universo. Muitos religiosos admiravam a figura de Galileu, pelas suas descobertas, mas, com o protestantismo se expandindo, a igreja endurecia a sua doutrina e não abria mão da visão geocêntrica, o que levou o italiano ao tribunal. "Copérnico havia morrido um pouco antes da publicação de seu livro, o que o livrou de incomodações", lembra o professor Severo. "Mas as suas ideias foram levadas às últimas consequências matemáticas por Galileu, o que o levou, em seus derradeiros anos, aos bancos da Inquisição."

Especialmente na Idade Média, outros tantos pensadores foram perseguidos pela Santa Inquisição. Dos célebres, apenas Giordano Bruno teve o fim trágico na fogueira. Com ou sem tirania, a Igreja Católica, que durante muitos séculos monopolizava a distribuição de livros, proibiu a publicação de um grande número de autores. Isso se potencializou após a Reforma Protestante, quando foi lançada pelos católicos a primeira edição do Index Librorum Prohibitorum, uma lista de publicações literárias proibidas pela igreja. Além de Galileu e Copérnico, já tiveram obras proibidas no documento pensadores e escritores célebres como Maquiavel, Rousseau, Montesquieu, Vitor Hugo, Immanuel Kant, Descartes e tantos outros. "Após esses momentos cruciais da história da ciência, a relação entre ciência e religião prosseguiu difícil, tensa, cheia de idas e voltas", diz Severo.

Apesar da aproximação que presenciamos no século 21, o professor sugere que história, filosofia e sociologia ainda ajudarão a responder se o diálogo entre religião e ciência é possível. O Papa João Paulo II acreditava nessa união. No dia 31 de outubro de 1992, foram apresentadas as conclusões da comissão sobre a controvérsia ptolomaico-copernicana do século XVI e XVII, instaurada pelo então papa. "O erro dos teólogos da época, quando mantinham a centralidade da Terra, era o de pensar que o nosso entendimento da estrutura física do mundo era, de algum modo, imposto pelo sentido literal da Sagrada Escritura", afirmou João Paulo II.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Detalhes da crucificação


Cravos: tinham de 13 a 18 centímetros de comprimento por 1 centímetro de diâmetro.
Moscas: provavelmente foram atraídas pelo cheiro de sangue.
Mãos: perfurações no antebraço, entre o rádio e o cúbito, ou nas palmas, entre os metacarpos.
Feridas: o chicote romano (flagrum) tinha pedaços de ossos ou de metal nas pontas de suas três tiras, o que chegava a arrancar pedaços de pele e ferir órgãos internos. Cristo sofreu duas séries de 39 chicotadas. Ou seja, contando-se as três tiras, Ele levou 234 açoites.
Sofrimento espiritual e emocional: maior do que as dores físicas de Cristo foi Sua agonia espiritual. Um com o Pai desde a eternidade, sofreu Seu completo afastamento. Jesus foi misteriosamente feito “maldição” (Gl 3:13) em nosso lugar, levando sobre Si os pecados de todos.
Roupas: provavelmente Jesus foi exposto completamente nu perante a multidão.
Pés: foram pregados juntos ou separados. Os cravos e o peso do corpo castigavam os sensíveis nervos plantares.
Via Dolorosa: calcula-se que o trajeto que Cristo carregou a parte horizontal da cruz, de cerca de 30 quilos, foi entre 900 e 1.500 metros, até o Calvário. Em parte desse trajeto, a cruz foi levada por Simão, cireneu.

Escuridão: ao meio-dia, surgiu uma escuridão inexplicável em volta da cruz. Nela, Deus escondeu a agonia final de Seu Filho.
 
Multidão: assim como os líderes religiosos, a multidão era uma massa de manobra das forças do mal. Todos zombavam de Cristo, mas, com a escuridão, o terremoto e as palavras de Cristo, foram tomados pelo medo.
Calvário: localizava-se possivelmente onde hoje é a Igreja do Santo Sepulcro ou no Jardim de Gordon; uma elevação de quase 5 metros, que lembra uma caveira. O Jardim de Gordon é o local mais provável, pois se encontra fora dos muros da Jerusalém antiga
Mãe: Cristo sofreu por Sua mãe, que acompanhava Sua crucificação, e a entregou aos cuidados do discípulo João.
Placa: geralmente continha o nome e a condenação dos crucificados.
Coroa: provavelmente feita do espinheiro de Jerusalém (Paliurus spina christi) ou do espinheiro-de-cristo sírio, foi fixada e batida repetidamente sobre a cabeça de Cristo, ferindo o nervo trigêmeo, causando uma dor que nem a morfina é capaz de amenizar.
Sede: Jesus também sofreu ardente sede, pois não havia bebido nada desde a noite anterior, carregou a cruz, perdeu muito sangue e sofreu intensa febre, devido às inflamações.
Corpo: sofreu cãibras, espasmos, desidratação, policontusões e exalação insuficiente com retenção de gás carbônico no sangue e nos pulmões (hipercapnia).
“Vinagre”: desde que chegou ao Calvário, durante a crucifixão e ao fim dela, os soldados ofereceram-Lhe vinagre, vinho azedo misturado com água e vinho com mirra, para aliviar Sua dor, mas Cristo recusou-Se a bebê-las, para manter-Se consciente e não fugir à Sua missão.
Lança: quando a morte na cruz precisava ser adiantada, dava-se um “golpe de misericórdia”, chamado crucifragium, quebrando-se a tíbia (osso da canela). Mas isso não foi preciso, pois Jesus morreu antes. Para assegurarem Sua morte, Ele foi ferido com uma lança.
Sangue e água: a lança provavelmente atingiu o pericárdio e a pleura pulmonar, a qual reteve água devido à incapacidade de Jesus expirar completamente. Supõe-se que foi por essa razão que jorrou sangue e água da ferida.
Vitória: ao gritar “está consumado” (em gregotetelestai, que pode significar “está pago”), Jesus não morreu como uma vítima frágil, mas como um herói. Cumpriu Sua missão, salvou a humanidade.
Morte: provavelmente por parada cardiorrespiratória. Além dos sofrimentos físicos, o coração de Cristo não suportou o peso dos pecados da humanidade.
Terremoto: às 15 horas, após Cristo gritar duas vezes e dar Seu último suspiro, ocorreu um terremoto tremor que fendeu rochas e abriu túmulos.
Tempo na cruz: os crucificados permaneciam vivos de 18 horas a alguns dias. Jesus ficou na cruz entre as 9 horas e as 15 horas. Seus graves ferimentos e o sofrimento espiritual foram determinantes para Sua morte rápida.

A cruz e a tumba que Ele deixou

Mais detalhes sobre a morte e vitória de Cristo

Getsêmani: o sofrimento de Cristo começou pelo menos dez horas antes da cruz quando começou a sentir o peso dos pecados humanos. Seu sofrimento psicológico foi tão grande que O fez suar gotas de sangue. Esse fenômeno raro na literatura médica é conhecido como hematidrose.
Cruz: a pena de morte por crucificação já era praticada desde o século 6 a.C. por persas e babilônios, até que foi proibida pelo imperador Constantino, em 337 d.C. Há quatro tipos conhecidos de cruz: decussata (em forma de X), quadrata (em forma de +), comissa (em forma de T) e imissa (em forma da cruz, como a conhecemos). Certamente, a cruz de Cristo foi do tipo comissa ou imissa, pois a própria palavra para crucificar no Novo Testamento é stauros, que significa colocar em um tau (nome da letra T em grego).. Se considerarmos a necessidade de se pregar uma placa, é possível que a cruz como a conhecemos possa ter sido a utilizada.
Partes da cruz: as cruzes romanas eram compostas de duas partes: stipes e patibulum. A stipes era o poste, que geralmente permanecia no local de suplício e tinha cerca de 5 metros de altura e 70 quilos. O patibulum era a parte horizontal, geralmente carregada pelo condenado até o local de execução. Tinha cerca de 2,5 metros e por volta de 30 quilos. Possivelmente, o encaixe entre as duas partes era feito no chão, onde o crucificado era pregado, para depois ser erguido e a cruz ser encaixada no buraco previamente feito.
Assento: algumas cruzes tinham uma sedicula, pedaço de madeira fixado à altura do quadril para apoiar o corpo, facilitar a respiração e aumentar o tempo de suplício.
Embalsamamento: o ritual judaico de sepultamento durava entre cinco e seis horas, pois envolvia lavar o cadáver, perfumá-lo com aromas frescos, embalsamá-lo e envolvê-lo em faixas. Para se evitar esse trabalho no sábado, o ritual foi adiado para a manhã de domingo.
Deus, anjos: Deus estava ao pé da cruz, junto a Cristo, na escuridão misteriosa, compartilhando de Seu sofrimento, acompanhado de anjos celestiais.. Todos, porém, não podiam confortá-Lo Cristo teria que levar sozinho o peso dos nossos pecados.

O templo e as profecias: os sacrifícios realizados no Templo apontavam para Cristo, o “Cordeiro de Deus” (Is 53:5, 6, 10). O início da crucifixão foi exatamente no horário do sacrifício da manhã e o fim dela, no horário do sacrifício da tarde. Com a morte de Cristo, o antigo sistema sacrifical perdeu a validade, e o véu do Templo foi rasgado de cima a baixo (Mt 27:51). De acordo com a profecia das 70 semanas de Daniel (Dn 9:24-27), Cristo morreu no ano 31 d.C. Ou seja, a morte de Cristo teve data e hora marcadas.
Caifás: na casa desse sumo sacerdote, Jesus foi julgado. Em 1990, foi achado um ossuário, contendo a inscrição em hebraico: “José, filho de Caifás”.
Pilatos: arqueólogos italianos que escavavam um teatro romano em Jerusalém encontraram uma pedra com a inscrição latina: “Pôncio Pilatos, prefeito da Judeia”.
Julgamento: o julgamento de Cristo ocorreu durante a madrugada e à véspera de um sábado e de uma grande festa religiosa – três infrações do registro escrito das tradições judaicas, a Mishná, de acordo com o Sanhedrin 4,1.
Pretório: casa do governador romano da Judeia. Em seu pátio, Jesus foi julgado, castigado e condenado. Em 1930, escavações identificaram plataformas maciças do pátio da fortaleza Antônia. Nessas plataformas, estavam gravados alguns desenhos de jogos que soldados romanos faziam para passar tempo. As descrições desse pavimento (lithóstotos) são muito semelhantes ao que se relata em João 19:13.
Ressurreição: o anjo do mais alto posto celestial, revestido de luz, foi comissionado a chamá-Lo e rolou a pedra do sepulcro. Os guardas caíram ao chão. Posteriormente, os discípulos O viram, tocaram nEle, compartilharam uma refeição e conversaram com Ele.
Ressurreições: quando Jesus ressurgiu, outras pessoas ressuscitaram das sepulturas abertas no terremoto que ocorreu no momento de Sua morte (Mt 27:51-53).
A verdade: os discípulos mantiveram a versão de que Jesus ressuscitou, mesmo em face da morte e sem ganhar qualquer vantagem. Se isso não fosse verdade, pelo menos um deles negaria o fato.

Ele cumpriu a missão e ressuscitou!

Fontes adicionais:
Rubén Dario Camargo (artigo “Fisiopatologia da morte de Cristo”); Rodrigo Cardoso (reportagem “Como Jesus foi crucificado?” IstoÉ, de 1/4/2010); Rodrigo Silva (Escavando a Verdade, CPB, 2007 e A Arqueologia e Jesus, Perspectiva, 2006); Frederick Zugibe (A Crucificação de Jesus, Matrix, 2010).